Hoje, os poriguares amanheceram tristes com o fechamento do Diário de Natal, jornal dos Diários Associados que existia há 73 anos.
O jornal foi fundado no dia 18 de setembro de 1939, por quatro jovens idealistas com a finalidade de defender os princípios democráticos e a ampla liberdade de expressão. Sob o nome de "O Diário", o periódico já descomprometido com grupos políticos-partidários. Os quatro potiguares - Djalma Maranhão, Rivaldo Carvalho, Romualdo Carvalho e Valdemar Araújo - sonhavam com um veículo que representasse apenas os interesses do estado do Rio Grande do Norte.
Ao final dos anos 1930, Natal era somente uma cidade com pouco mais de 55 mil habitantes, que mantinham-se informados através das emissoras de rádio brasileiras e das transmissões internacionais da BBC. O cenário mundial mostrava o avanço das tropas de Adolf Hitler sobre as nações européias: a Segunda Guerra Mundial estava em curso. O noticiário veiculado pelo Diário, em formato tablóide e com circulação vespertina, destacava o conflito e foi logo aceito pela maioria dos leitores natalenses.
Na capa, um comunicado anunciando o fechamento do periódico deixando os leitores decepcionados. Crédito: Simone Silva/Instagram/simonesilvarn |
Em 1945, o empresário Assis Chateaubriand estava expandindo seu império de comunicação, os Diários Associados, pelo país e comprou o Diário de Natal que passou a integrar a cadeia de jornais que já contava com o Diário de Pernambuco e com o Correio Braziliense. Em março de 1947, deu-se a mudança do nome do jornal para o que permanece até hoje, passando a publicar artigos diários de Chateaubriand.
Sob o comando dos Associados continuou vespertino com oito páginas e ganhou novos equipamentos. Incorporou articulistas de renome internacional como José Lins do Rego e Carlos Drummond de Andrade. Entre os colaboradores locais já se destacava o etnógrafo Luís da Câmara Cascudo que publicou durante anos a coluna "Acta Diurna". Também assinaram artigos os escritores Hélio Galvão, Juvenal Lamartine, Newton Navarro e Zila Mamede. Em 29 de julho de 1954 uma versão matutina diária dominical veio se somar ao projeto: O Poti.
Em 10 de maio de 2009, o Diario de Natal teve uma reforma gráfica com o novo logo, novo projeto gráfico e com o novo formato: de standart para o berlinder. O periódico custava R$ 1. Esse projeto gráfico do periódico existe até hoje. O jornal circulava todos os dias, inclusive as segundas feiras. Durante este período, o jornal circulava entre 20 e 32 páginas, mas a primeira edição do novo periódico, teve 64 páginas.
No dia 20 de março de 2011, quase dois anos depois, o periódico dominical O Poti volta a circular com o formato diferente. Assim, o Diário de Natal, a partir do dia 22 de março, deixou de circular as segundas-feiras.
O fechamento do Diário de Natal foram um dos assuntos mais comentados do Brasil na manhã de hoje. Para ver as mensagens, clique para ampliar. Créditos: Arte/Luciano Amorim |
Entre eles, a repórter do jornal, Flávia Urbano, disse em seu Twitter, o @flaviaurbano, que está sem palavras para descrever o que ela está sentindo com o fim do Diário de Natal impresso. Para ela era uma escola e uma casa que trabalhava durante quase uma década. Ela ainda prestou solidariedade aos colegas e amigos que foram pegos que trabalham no periódico e foram pegos de surpresa com a triste notícia. E disse ainda que a política dos Diários Associados de desrespeito aos seus colaboradores é de, ironicamente, falta de comunicação, e ela conhece bem.
Alguns jornalistas que trabalhavam na sede do Diário de Natal, em São Gonçalo do Amarante, cidade que fica na região metropolitana de Natal, uma distância de 11km até a capital potiguar, se manifestaram a respeito do fechamento da versão impressa. A jornalista e colunista de social do periódico, Flávia Freire, contou ao portal Imprensa, que os profissionais foram pegos de surpresa com a notícia e declarou: "Não estávamos sabendo de nada". E ela disse ainda que "Ontem, fiz minha coluna normalmente. Hoje, antes mesmo de terminar a coluna, recebi 12 ligações de leitores meus perguntando se eu sabia o que tinha acontecido. Mas eu não sabia, só vi quando peguei o jornal na caixa do correio".
Segundo Flávia, toda a redação do jornal impresso foi demitida, inclusive a editora-executiva Juliska Azevedo. "Ela foi a primeira a ser demitida e a única que se dispôs a falar com cada um dos funcionários demitidos" . "Parece que alegaram problemas financeiros. Mas o diretor institucional [Deliomar Soares] não falou nada, não abriu nem a porta para dar bom dia ou boa sorte", contou a jornalista.
O portal Imprensa disse ainda que apurou o Diário de Natal online, o DN Online, permaneceu com uma equipe de redação composta por oito jornalistas, mas que todos os fotógrafos do jornal foram demitidos. Segundo um funcionário do Recursos Humanos da empresa, as demissões continuarão e não houve aviso prévio. Os desligamentos foram comunicados nesta terça, 2 de outubro, aos profissionais quando chegaram para trabalhar. Ainda de acordo com o RH, a diretoria continua em reunião.
Deliomar Soares, diretor institucional do jornal, por sua vez, afirmou que foi informado sobre o fechamento da edição impressa na última segunda-feira, dia 1º, e explicou que a decisão foi tomada pela cúpula dos Diários Associados e não tem nada a ver com a redação do periódico. Soares disse que os funcionários foram comunicados nesta terça-feira e que as pendências e obrigações profissionais serão cumpridas. E disse: "Eles receberão tudo o que têm para receber no prazo de dez dias".
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Sindicato dos Jornalistas do RN repudia demissão de jornalistas no Diário de Natal.
Pra mim foi lamentável e decepcionado o fechamento do jornal que era da minha adolescência Li o jornal tanto na web, tanto impresso, até na versão flip... Na minha casa tem uma pilha de jornais, que eu coleciono desde 2006, e entre eles, tenho o Diário de Natal, tanto standart, tanto no tabloide, que eu gosto muito até hoje. E agora?! Como é que vai ficar sem o jornal potiguar?
Então, dou a minha solidariedade aos jornalistas do Diário de Natal.
Não eh Rui Moreira Alves. Eh Rui Moreira Paiva. E não era dono da Companhia de Navegação Costeira. Era agente.
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