Créditos: Germano Roratto/ Ag. RBS |
O dia 27 de janeiro de 2013 foi muito, mais muito triste. Era 2h30 da madrugada de domingo quando um incêndio atingiu o boate Kiss, no Centro da cidade de Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul. Quando a banda Gurizada Fandangueira, que era uma das atrações da noite, teria usado efeitos pirotécnicos durante a apresentação. Faíscas teriam atingido a espuma do isolamento acústico, no teto da boate, e iniciado o fogo, que se espalhou pelo estabelecimento em poucos minutos. O incêndio provocou pânico e muitas pessoas não conseguiram acessar a saída de emergência. A danceteria estava lotada e havia apenas uma porta de entrada e saída. Mais de 200 pessoas, a maioria jovens que tinham futuro pela frente, morreram no local.
Uma das primeiras testemunhas foi o estudante de medicina Murilo de Toledo Tiecher, de 26 anos. Ele contou ao portal G1 RS que, inicialmente, seguranças tentaram impedir a saída dos clientes, mas logo perceberam a fumaça e liberaram a saída. Ele diz também que a saída foi dificultada por uma grade colocada perto da porta para organizar a fila de entrada. Segundo o estudante, logo que conseguiu passar da grade, ele se deparou com seguranças na porta da boate que estavam de braços abertos tentando impedir a saída das pessoas. Tiecher relatou no Facebook sua indignação em relação ao fato de os seguranças barrarem em um primeiro momento a saída das pessoas. Ele conta que fez isso logo depois de chegar em casa. Sua declaração causou grande repercussão.
Aliás, as primeiras imagens da tragédia foram postadas na internet e nas redes sociais. Um dos apelos mais dramáticos ecoou às 3h20 da madrugada. Antes de morrer, a protética Michele Cardoso usou o celular para disparar um alarme no Facebook. Escreveu somente quatro palavras, na pressa de quem está a perigo, o suficiente para noticiar o sinistro e implorar por ajuda. Ainda grafou o nome da boate com letras maiúsculas, para que não houvesse dúvidas sobre o local. Ela diz assim: "Incêndio na KISS socorro". Após a frase, Michele não mais se comunicou Mas, naquele início de madrugada, as 21 letras que escreveu acionaram um grupo de amigos que passou a pedir informações e multiplicar o SOS. Tudo na linguagem abreviada, sem vírgulas ou acentos, de quem digita um teclado virtual impelido pelo desespero, acreditando que alguns segundos ganhos podem salvar uma vida.
A festa chamada "Agromerados" reunia estudantes da Universidade Federal de Santa Maria, dos cursos de Pedagogia, Agronomia, Medicina Veterinária, Zootecnia e dois cursos técnicos.
Aí, amanheceu e a cidade ficou chocada e as emissoras de televisão, inclusive o canal de notícias Globo News, mostraram as primeiras imagens e os primeiros relatos da tragédia. Até que no meio da manhã, o major do Batalhão de Operações Especiais do RS, o BOE, Cleberson Braida Bastianello, durante coletiva à imprensa, no ginásio do Centro Desportivo Municipal da cidade, confirmou a morte de 245 pessoas. Ou seja, uma tragédia que deixou o país inteiro em estado choque em pleno domingo (de sol e calor que pra mim, pegaria uma praia).
Eu soube da notícia por volta das 10h55 da manhã (9h55, horário daqui) quando eu tomava o café da manhã e eu tava assistindo o Esporte Espetacular quando anunciou a pior tragédia da história dos gaúchos. Horas depois, eu acompanhei a tragédia na internet e nas redes sociais, que pra mim, foi uma das coberturas mais trágicas do que as tragédias do Realengo, em 2011 e no Centro do Rio de Janeiro, em 2012. Aliás, eu acompanhei durante todo o dia no meu twitter @lucianosilva96 e no Facebook.
Enquanto isso, os números dos mortos foram crescendo e diminuindo ao longo do dia na cidade, testemunhas falando do acidente, feridos do incêndio foram atendidos nos hospitais da cidade que foram lotados, se eu não me engano, alguns foram transferidos para Porto Alegre. Ou seja, um verdadeiro caos.
A tragédia em Santa Maria também chocou o mundo. O jornal norte-americano "The New York Times" trouxe a tragédia em sua página principal e tratou a tragédia na boate como 'cena de horror'. Ainda nos EUA, o jornal “Los Angeles Times” destaca que o incêndio pode ser o mais mortal desde 2000. O jornal espanhol “El País” noticiava a tragédia como manchete de sua edição na internet. “Dezenas de mortos em incêndio de uma discoteca no sul do Brasil”, disse a publicação. A rede de TV americana, Cable News Network, popularmente conhecido como a “CNN” relatou que o número de mortos não para de ser atualizado e destacou o caso em sua página principal. A rede britânica BBC informou que “dezenas” de pessoas morreram no incêndio, e pedia relatos de testemunhas.
O assunto foram um dos mais comentados no Twitter com as hashtags #ForçaSantaMaria #TODOSDesejamForçasASantaMaria e #PrayForSantaMaria. Todo mundo (inclusive eu) tuitou. Entre eles o cantor Zé Ramalho, a top model Gisele Bundchen e até a cantora Lady Gaga escreveu no microblog dela a frase:
Após a tragédia, o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, decretou luto oficial de 30 dias. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, decretou luto oficial de 7 dias. Com isso, vários eventos foram cancelados, inclsive a festa que marcava os 500 dias para o início da Copa do Mundo de 2014 e o #PlanetaAtlântida2013, que aconteceria nos dias 1º e 2 de fevereiro, em Saba, em Atlântida, no litoral gaúcho. Segundo o Grupo RBS, uma nova data vai ser divulgado esta semana. Após a notícia, muita gente falou nas redes sociais, alguns parabenizando a empresa pela iniciativa, respeito e atitude num momento tão difícil, outros dizem que "Seria impossível estar feliz no Planeta sentido a tristeza dessa tragédia tão recente... [...]", como diz a Helen Dorneles (@HelenDorneles) a Rodaika (@rodaika) e um dos integrantes do programa 'Pretinho Básico', da Rádio Atlântida FM - que não teve programa no dia seguinte -, o Piangers (@piangers) diz que "O adiamento do Planeta Atlântida é uma das atitudes mais HUMANAS que eu já vi uma empresa ter." Eu até concordo com tudo o que eles falaram, porque se o Planeta ocorria este final de semana, não haveria graça. Achei legal essa iniciativa.
O "Day After"
No dia seguinte após a tragédia, a semana começou com mais tristeza. A tragédia foi destaque de capa em quase todos os jornais do Brasil, e também nos EUA e no resto do mundo. Na cidade, os corpos das vítimas foram velados desde a tarde de ontem, num velório coletivo no ginásio de Santa Maria. Alguns foram enterrados na cidade, outros, foram enterrados nas cidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Durante o enterro, parentes de vítimas passaram mal e foram socorridos. Enquanto isso, amigos dançam em homenagem a vítima do incêndio. Ao todo, foram realizados 52 enterros no Cemitério Ecumênico, só em Santa Maria.
Na cidade, o dia seguinte foi de LUTO. O comércio da cidade fecharam as portas mais cedo e o comerciante compara a tragédia com os atentados terroristas do 11 de setembro dos EUA, que aconteceu há 11 anos. Uma das ruas mais importantes de comércio de Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul, a Rua do Acampamento tinha 18 lojas fechadas em quatro quarteirões. O motivo estava descrito em faixas, adesivos ou em apenas papéis afixados nas portas: luto. Aliás, o luto era visto não apenas nas palavras espalhadas nas fachadas de casas e lojas, mas nas faixas negras penduradas nos batentes das casas, nas bandeiras a meio mastro e no semblante da população. Uma cidade que morreu junto, como diz uma jovem, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, do dia 28/1.
A noite, após o enterro, uma multidão faz caminhada em lembrança às vítimas de incêndio. Vestidas de branco, cerca de 10 mil pessoas voltaram a se reunir na Praça Saldanha Marinho, em Santa Maria, para fazer uma caminhada que começou por volta de 22h, quando o grupo partiu em silêncio da praça e, durante a marcha, cantaram o hino nacional e do Rio Grande do Sul. Pouco mais de uma quadra e meia depois, parte do grupo se deslocou até as proximidades da boate Kiss, ainda isolada pela Brigada Militar. Ali, se sentaram e fizeram um minuto de silêncio. Muitos choraram. Balões brancos foram jogados pelo ar e veio o clamor: “justiça, justiça, justiça”.
E quem foi o maior culpado da tragédia?! Foi os donos ou sócios da boate ou os integrantes da banda Gurizada Fandangueira?! Aliás, o delegado regional da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Marcelo Arigony, afirmou na terça, 29, que existem indícios de várias irregularidades na boate Kiss. E que a casa noturna não poderia estar funcionando. A polícia já ouviu 44 pessoas, entre elas dois donos da boate e dois músicos da banda. O laudo da perícia ainda não ficou pronto, mas, com base nas informações preliminares, os investigadores acreditam que muitas irregularidades podem ter sido cometidas e podem ter contribuído para provocar a tragédia. Até o momento, quatro pessoas foram detidas. Até a Justiça, a pedido da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul, bloqueou bens de donos da empresa que gera a boate. Então, aos donos da boate e um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, merecem, e muito, #ProChuveiro e um chute #NACANELA.
Outros casos já aconteceu na boate Kiss, antes da tragédia. Em 25 de agosto de 2012, a casa noturna foi condenada a indenizar a psicóloga Patrícia Jovasque Rocha, 21 anos, que teria sido obrigada a permanecer no local até as 6h porque havia perdido a comanda. O caso ocorreu em novembro de 2011. Os advogados da boate já recorreram e aguardam a decisão. E mais, o alvará de funcionamento da boate estava vencido desde agosto do ano passado.
E o 'Day After' da Tragédia em Santa Maria também gerou repercussão nas redes sociais e na imprensa internacional. O Le Monde, da França, destaca uma foto da presidente Dilma consolando familiares dos mortos. O jornal espanhol El País traz relatos de sobreviventes. O britânico The Independent dedica a capa ao que chamou de "horror no Brasil". Nas emissoras de televisão, o apresentador do programa 'Good Morning America', da rede de TV americana ABC, falou da busca por respostas para a horrível tragédia. E a NBC, no programa 'Today', deu destaque às investigações para se chegar aos responsáveis pelo incêndio.
O secretário-geral das Nações Unidas, a ONU, Ban-ki Moon divulgou nota para lamentar as mortes no incêndio de Santa Maria. Ele disse que a tristeza ainda é maior pela perda de tantos jovens. E o Papa Bento XVI enviou um telegrama de pêsames ao arcebispo de Santa Maria, Hélio Adelar Rubert. E o Papa disse que compartilha a dor das famílias e reza pela recuperação dos feridos.
Alvarás, lotação e falta de saída de emergência são algumas perguntas que ainda precisam ser respondidas. Veja estas e outras no portal G1 RS.
►Conhece a cidade
A cidade de Santa Maria fica na região central do Rio Grande do Sul, mais de 260 mil pessoas moram na cidade que é a 5ª mais populosa do estado. Segundo o portal Wikipedia, é denominado o município de "Coração do Rio Grande", devido a sua localização Geográfica. Pra se ter uma ideia, o centro geográfico do Rio Grande do Sul fica na Unidade Residencial Arenal, no bairro Passo do Verde, a 18,62 km em linha reta do marco zero da cidade, no Centro da cidade. Santa Maria sedia uma das maiores universidades públicas do Brasil, a Universidade Federal de Santa Maria, a UFSM, que conta atualmente com quase 27 mil alunos em seus cursos de graduação e pós-graduação. A cidade conserva prédios históricos de valor como a Catedral de Nossa Senhora da Conceição, o Theatro Treze de Maio, a Catedral do Mediador da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, o Clube Caixeiral de Santa Maria, o Banco Nacional do Commercio, a Sociedade União dos Caixeiros Viajantes e a Vila Belga. Por abrigar uma grande quantidade de instituições de ensino a cidade é conhecida como Cidade Cultura. A cidade é também conhecida como 'Santa Maria da Boca do Monte', pois situa-se em uma região cercada por morros, do final do derramamento basáltico ocorrido no Pleistoceno. Quando há vento Norte, é muito forte, chegando a 100 km/h. A Altitude mínima é de 41 m acima do nível do mar e a Altitude média é de 113 m acima do nível do mar. A temperatura média anual é de 19,5°C e o Clima é subtropical úmido. A Precipitação pluviométrica é em média de 1800 mm. A cidade foi fundado no dia 17 de maio de 1858 e completa 155 anos agora este ano. Uma cidade que virou o palco da maior tragédia da história e a segunda no Brasil.
E pra terminar o longo comentário, eu deixo o texto do poeta gaúcho Fabrício Carpinejar, falando sobre a tragédia em um texto que emocionou o Brasil e que foi estampada na capa do jornal O Globo, de segunda-feira, 28. Veja.
Desejo, em nome deste blog os nossos sentimentos aos familiares e amigos das vítimas e que rezem para que eles darem FORÇA que eles estão passando por um momento difícil. E torce para que os sobreviventes da tragédia se recuperem logo para tocar a vida pra frente. E a cidade de Santa Maria, que, praticamente, estão voltando ao normal.
#TODOSDesejamForçasASantaMaria
Capa e contracapa do jornal Zero Hora foi o que mais me chamou a atenção quando eu vejo as manchetes dos jornais no 'day after' após a tragédia. Créditos: Newseum |
Na cidade, o dia seguinte foi de LUTO. O comércio da cidade fecharam as portas mais cedo e o comerciante compara a tragédia com os atentados terroristas do 11 de setembro dos EUA, que aconteceu há 11 anos. Uma das ruas mais importantes de comércio de Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul, a Rua do Acampamento tinha 18 lojas fechadas em quatro quarteirões. O motivo estava descrito em faixas, adesivos ou em apenas papéis afixados nas portas: luto. Aliás, o luto era visto não apenas nas palavras espalhadas nas fachadas de casas e lojas, mas nas faixas negras penduradas nos batentes das casas, nas bandeiras a meio mastro e no semblante da população. Uma cidade que morreu junto, como diz uma jovem, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, do dia 28/1.
A noite, após o enterro, uma multidão faz caminhada em lembrança às vítimas de incêndio. Vestidas de branco, cerca de 10 mil pessoas voltaram a se reunir na Praça Saldanha Marinho, em Santa Maria, para fazer uma caminhada que começou por volta de 22h, quando o grupo partiu em silêncio da praça e, durante a marcha, cantaram o hino nacional e do Rio Grande do Sul. Pouco mais de uma quadra e meia depois, parte do grupo se deslocou até as proximidades da boate Kiss, ainda isolada pela Brigada Militar. Ali, se sentaram e fizeram um minuto de silêncio. Muitos choraram. Balões brancos foram jogados pelo ar e veio o clamor: “justiça, justiça, justiça”.
E quem foi o maior culpado da tragédia?! Foi os donos ou sócios da boate ou os integrantes da banda Gurizada Fandangueira?! Aliás, o delegado regional da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Marcelo Arigony, afirmou na terça, 29, que existem indícios de várias irregularidades na boate Kiss. E que a casa noturna não poderia estar funcionando. A polícia já ouviu 44 pessoas, entre elas dois donos da boate e dois músicos da banda. O laudo da perícia ainda não ficou pronto, mas, com base nas informações preliminares, os investigadores acreditam que muitas irregularidades podem ter sido cometidas e podem ter contribuído para provocar a tragédia. Até o momento, quatro pessoas foram detidas. Até a Justiça, a pedido da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul, bloqueou bens de donos da empresa que gera a boate. Então, aos donos da boate e um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, merecem, e muito, #ProChuveiro e um chute #NACANELA.
Algumas emissoras locais, nacionais e internacionais mostram a tragédia na boate no domingo, 27 e segunda, 28. |
E o 'Day After' da Tragédia em Santa Maria também gerou repercussão nas redes sociais e na imprensa internacional. O Le Monde, da França, destaca uma foto da presidente Dilma consolando familiares dos mortos. O jornal espanhol El País traz relatos de sobreviventes. O britânico The Independent dedica a capa ao que chamou de "horror no Brasil". Nas emissoras de televisão, o apresentador do programa 'Good Morning America', da rede de TV americana ABC, falou da busca por respostas para a horrível tragédia. E a NBC, no programa 'Today', deu destaque às investigações para se chegar aos responsáveis pelo incêndio.
O secretário-geral das Nações Unidas, a ONU, Ban-ki Moon divulgou nota para lamentar as mortes no incêndio de Santa Maria. Ele disse que a tristeza ainda é maior pela perda de tantos jovens. E o Papa Bento XVI enviou um telegrama de pêsames ao arcebispo de Santa Maria, Hélio Adelar Rubert. E o Papa disse que compartilha a dor das famílias e reza pela recuperação dos feridos.
Alvarás, lotação e falta de saída de emergência são algumas perguntas que ainda precisam ser respondidas. Veja estas e outras no portal G1 RS.
►Conhece a cidade
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A Maior Tragédia de Nossas Vidas, por Fabrício Carpinejar
Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça.
A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta.
Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa.
A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013.
As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada.
Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa.
Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio.
Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda.
Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência.
Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa.
Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram.
Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo?
O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista.
A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados.
Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro.
Mais de duzentos e quarenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos.
Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal.
As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso.
Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.
As palavras perderam o sentido.
Desejo, em nome deste blog os nossos sentimentos aos familiares e amigos das vítimas e que rezem para que eles darem FORÇA que eles estão passando por um momento difícil. E torce para que os sobreviventes da tragédia se recuperem logo para tocar a vida pra frente. E a cidade de Santa Maria, que, praticamente, estão voltando ao normal.
#TODOSDesejamForçasASantaMaria