Depois dos EUA e no Brasil, a 'novela #paywall' chegou também na terra da rainha. Nesta quinta-feira, 28, o tabloide “The Sun”, jornal diário mais vendido (e também mais famoso da história) no Reino Unido, passará a cobrar pelo acesso ao seu conteúdo on-line no segundo semestre deste ano. De acordo com o também britânico “The Guardian” e do portal Correio*, de Salvador, Mike Darcey, presidente-executivo da News International, que controla do “The Sun” e do extinto 'News Of The World que fechou há quase dois anos', afirmou que é insustentável ter 2,4 milhões de pessoas pagando pelo tabloide ao mesmo tempo em que várias outras o têm de graça. E disse ainda que o site é fantástico e, às vezes, um produto melhor.
A declaração ocorreu pouco após outro britânico, o “Daily Telegraph”, ter adotado estratégia semelhante tornando-se o primeiro jornal da Inglaterra de interesse geral a empregar o modelo de paywall, que é o muro de cobrança poroso nos sites dos jornais impressos. Segundo em um comunicado pelo jornal, nesta terça, 26, o periódico comemora o fato de ser o primeiro impresso britânico a ir para o online em 1994 (ano em que eu nasci), além de afirmar que o The Daily Telegraph continua a ter mais assinantes do que qualquer outro jornal nacional. Por este motivo, querem recompensar os leitores. De acordo com o portal Meio & Mensagem, os assinantes do jornal terão acesso ilimitado ao website e às edições de tablet e aplicativos de smartphone, sem custo adicional. Os usuários que assinam as edições de tablet também poderão acessar de forma ilimitada o website e os aplicativos de smartphone, sem que precisem pagar a mais por isso. Já os leitores que não são assinantes ainda terão o direito de acessar 20 artigos de graça por mês. Se desejarem ler mais, poderão escolher entre dois pacotes: o Web Pack, que combina o acesso ilimitado à web com os aplicativos de smartphones por £ 1,99 ao mês (um equivalente a quase R$ 7); ou o Digital Pack, que inclui as edições de tablet por £ 9,99 ao mês (um equivalente a R$ 31). Mas antes de assinar, os leitores podem experimentar a versão gratuita – dos dois pacotes – durante um mês.
Washington Post adere a cobrança on-line no início do verão americano
Enquanto isso, nos EUA, mais um jornal adeririu a cobrança on-line que iniciou pelo 'The New York Times'. No dia 18 deste mês, o jornal "The Washington Post" anunciou que vai começar a cobrar pela leitura do seu conteúdo on-line. O sistema será adotado a partir do próximo verão, que no hemisfério norte começa no dia 21 de junho. Segundo o site do jornal O Globo, com a mudança, o diário torna-se um dos últimos jornais americanos a aderir a cobrança para reforçar a receita do material on-line. Cerca de 32% de todos os jornais diários nos EUA cobram por algum tipo de acesso digital. Os internautas poderão ler até 20 artigos por mês, e em seguida receberão uma oferta para fazer uma assinatura online. O jornal ainda não decidiu quanto cobrará pelo acesso ao site. O acesso à home page do Post, às páginas principais de cada seção e aos classificados não será limitado. Assinantes do jornal impresso terão acesso livre a todos os produtos digitais da marca Washington Post. Além disso, estudantes, professores, funcionários governamentais e militares terão acesso gratuito ao site em suas escolas e locais de trabalho.
O Post sempre evitou o sistema de paywall por temer que a medida pudesse afastar os leitores e anunciantes. Mas diante da experiência bem sucedida de grandes títulos, como o Financial Times, o New York Times e o Wall Street Journal, a ideia de cobrança online tornou-se menos assustadora. A publisher do diário, Katharine Weymouth afirma: “Os consumidores de notícias são inteligentes; eles entendem o alto custo de uma operação jornalística de alta qualidade e a importância de se manter o tipo de reportagem aprofundada pela qual o Post é conhecido”. Ela disse ainda que o pacote digital do periódico é valioso, e iremos pedir os leitores do Post que paguem por ele e ajudem a manter o jornalismo da empresa, como fizeram por muitos anos com a edição impressa. Para Katharine, separar os modelos de assinatura impressa da online “não faz sentido”. “Nós observamos nossos colegas e achamos que o modelo por medição é o melhor jeito de manter nosso alcance enquanto pedimos aos leitores que ajudem a pagar pelo jornalismo de qualidade pelo qual somos conhecidos”, afirmou.
Vale lembrar que a novela #paywall foi o principal assunto deste mês neste blog. No dia 17, o 'Diário Catarinense', de Florianópolis, se tornou o quinto jornal a cobrar por conteúdo digital. Aqui no Brasil, a novela começou no dia 21 de junho do ano passado, quando a 'Folha de S. Paulo' foi o pioneiro a cobrar por conteúdo on-line. Aliás, desde o dia 1º deste mês, o jornal cortou 50% do limite de artigos gratuitamente na internet. Ou seja, passou de 40 para 20 reportagens gratuitas. No dia 12 de agosto foi a vez do gaúcho 'Zero Hora' e em dezembro do ano passado, o jornal 'Gazeta do Povo' aderiu o #paywall.
E eu pergunto, #atéquando essa cobrança digital nos jornais impressos vai acabar? É um monopólio para a internet, é a minha opinião, não sei se você concorda. E uma dúvida que eu já falei várias vezes aqui no blog é: Será que o #paywall é o fim do jornalismo impresso de papel? Tem a ver com isso? Ou foi por causa dos avanços da tecnologia e da Internet? São perguntas que não querem calar...
E vamos acompanhar os próximos capítulos dessa novela que não tem data para acabar...