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Arte: Luciano Amorim // Imagens: Newseum |
Nesta segunda-feira, o jornal A Tarde completa 100 anos. Isso mesmo, um século de informação com credibilidade aos baianos.
O jornal A Tarde foi fundado em 15 de outubro de 1912, quando o jornalista Ernesto Simões Filho, aos 26 anos de idade, fundou seu próprio veículo de comunicação impresso.
Foi assim que em 1924, o jornal não recuou diante da censura contra uma série de matérias que denunciavam irregularidades praticadas por um médico. Por conta da ação do periódico, o Tribunal Superior de Justiça, equivalente hoje ao Tribunal de Justiça da Bahia, pronunciou-se pela primeira vez e, de forma unânime, contra a censura à imprensa.
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Prédio antigo do jornal A Tarde próximo a Praça
Castro Alves, no centro de Salvador.
O jornal funcionava no local desde a fundação
até 1975.
Crédito: Fernando Vivas/Ag. A Tarde/14.2.2008 |
Esta tendência do periódico foi mantida mesmo diante de obstáculos sérios como a depredação das suas instalações em 4 de outubro de 1930 por manter posição oposta à do grupo político que tomou o poder naquele ano sob a liderança de Getúlio Vargas, cujo governo se tornou uma ditadura com graves consequências para a liberdade de imprensa.
O novo governo trouxe outro elemento que iria de encontro aos princípios defendidos por A Tarde: a Bahia foi posta em intervenção federal, perdendo a sua autonomia. Sob o lema "a Bahia não se dá, não se vende e não se empresta", Ernesto Simões Filho, fundador do jornal enfrentou o poder do interventor Juracy Magalhães.
Sua coragem rendeu-lhe um atentado, a censura de A TARDE por 11 dias e até um exílio na Europa. Mas nada disso foi suficiente para que ele abdicasse da sua luta.
A postura de Simões Filho em tempos tão difíceis fez a batalha pela liberdade de expressão, um princípio tão caro ao Estado brasileiro que hoje está incluído nos direitos fundamentais da sua Constituição, assumir outras posturas heroicas. Foi assim que em 1960 o jornal abriu espaço para publicar um editorial do jornal cubano Prensa Libre, que havia sido censurado pelo regime de Fidel Castro.
Em 1968, o jornal preferiu abdicar de comentar política devido à censura imposta pelo Ato Institucional nº 5, o AI-5. Esta posição firme fez com que a sua credibilidade fosse sedimentada e levou o jornal fundado por Simões Filho a crescer e se tornar um grupo de comunicação formado por outros canais que acompanham o avanço tecnológico na área de informação.
Em
março de 1975, o jornal mudou de endereço no bairro de Caminho Das Árvores, onde existe até hoje.
Os novos produtos correspondem à demanda imposta pelas transformações da sociedade que são cada vez mais dinâmicas. Para cumprir este objetivo é necessário investir em tecnologia o que também sempre foi uma marca do periódico.
Assim, a cada ano, o jornal consolida-se como um grupo que consegue manter a credibilidade e, consequentemente, defender os princípios nos quais acredita. Isso é fundamental num contexto em que o debate sobre a liberdade de imprensa e as responsabilidades que este direito traz se impõe. A discussão é complexa e ainda necessita mobilizar a atenção da sociedade brasileira.
Questões como o controle externo da mídia e suas consequências, regulamentação de novas plataformas como a internet, dentre outras, mexem com os mais variados setores da sociedade, gerando discussões acaloradas. São em momentos como este que a credibilidade de um grupo de comunicação é importante para mediar um tema crucial à manutenção de um Estado democrático de direito como é o brasileiro.
Fonte:
A Tarde e
Wikipedia
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Grandes coberturas marcaram o jornal A Tarde. |
Ao longo do seu centenário, o jornal A Tarde acompanhou os mais importantes acontecimentos dos séculos XX e XXI no Brasil e no mundo, como os atentados do 11 de setembro, a comemoração do PENTA em 2002, os carnaval, grandes coberturas... E desde então tem sido um porta-voz dos interesses da sociedade e da democracia, registrando, acima de tudo, os fatos marcantes ocorridos na Bahia.
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Os cadernos e editorias do jornal A Tarde.
Créditos: Divulgação |
Em 2003, o jornal teve um novo projeto gráfico, teve mais uma 'reciclagem gráfica' em julho ou agosto de 2006 e no dia 30 de agosto de 2009, o jornal A Tarde ganhou
novo projeto gráfico, mais moderno e mais bonito, as mudanças vão desde a inserção de novas cores e tipologia à criação de conteúdos e têm como objetivo facilitar a vida do leitor, tornando a leitura mais agradável e rápida. As reformulações são resultado de estudos realizados ao longo de seis meses conduzidos por profissionais do próprio jornal.
Uma das mudanças é a tipologia desenvolvida pelo designer alemão Lucas de Groot para tornar a leitura mais agradável. Para o editor de arte do jornal, Pierre Themotheo, explica que o projeto gráfico valoriza as fotos, ilustrações e infografias, diminuindo número de interferências visuais que não agregam valor informativo. Os cadernos e seções do jornal também ganharam uma nova paleta de cores.
No ano passado, o jornal inaugurou o
acervo digital na Biblioteca Pública da Bahia, em Salvador. Foram digitalizadas desde o ano de findação, até o dia 31 de dezembro de 1999. Iniciado em abril de 2009, o trabalho permitiu a digitalização de cerca de 750 mil páginas, que poderão ser consultadas gratuitamente no local.
Pra mim, o jornal A Tarde é um jornal que me marcou na minha infância. Eu me lembro quando eu morava na Ilha de Itaparica, que fica na Região Metropolitana de Salvador, e foi em que em outubro de 2001, eu li o primeiro jornal A Tarde, já aos 7 anos.
Durante toda a minha infância, eu pedi para o meu pai pra comprar um exemplar do periódico. Por onde eu passo, nos supermercados, , nos mercadinhos, nos pontos de venda próximo a lancha, ou melhor, a travessia Mar Grande/Salvador, nas bancas de jornais, nos gazeteiros, até nos ferry-boat, enfim, onde eu passava, eu sempre pediu para o meu pai e li o jornal A Tarde quando eu era criança.
Um dos fatos que mais me marcou no jornal A Tarde, foi a conquista do PENTACAMPEONATO da seleção brasileira da Copa do Mundo de 2002, que este ano completou 10 anos. No dia seguinte, eu pedi pro meu pai pra comprar o jornal e eu vi a edição especial do periódico. Poderia ser uma recordação pra vida toda, mas...
E eu tenho uma edição do jornal A Tarde, em Fevereiro de 2006, no meu acervo de jornais. Eu não comprei o jornal, mas o meu pai comprou e trouxe de lá. Era uma edição especial de carnaval.
A partir daí, quando eu começava a ler os jornais daqui da Paraíba e de Pernambuco, além de São Paulo, do Rio e até do Natal, eu nunca mais eu não li o jornal da minha terra. Faz 6 anos...
Abaixo, veja algumas imagens do jornal A Tarde, no dia 25 de fevereiro de 2006, num sábado de carnaval. Essa eu tenho guardado no meu acervo de jornais. As fotos foram tiradas por mim.
Então, parabéns a equipe do jornal A Tarde pelo seu centenário e o periódico entra para os jornais que existem há mais de 100 anos, como o Diario de Pernambuco, no Recife/PE, Correio do Povo, em Porto Alegre/RS, O Estado de S. Paulo, Diário de S. Paulo, A Cidade, de Ribeirão Preto/SP, etc...
Feliz Aniversário, A TARDE! 100 anos!